Infrastrutura

Crescimento no ranking nacional do saneamento

Pelotas volta a ocupar a posição de 2019 na lista do Instituto Trata Brasil, impulsionada pelo aumento de esgoto tratado

Carlos Queiroz -

Com seu balanço anual sobre o saneamento básico no país, o ranking do Instituto Trata Brasil mostra que Pelotas ganhou quatro posições em relação ao ano passado, retomando a 80ª colocação - em 2020, chegou a ocupar a posição 79. Na prática, isso mostra que a cidade evoluiu em atendimento de água total e número de pessoas atendidas, mas regrediu em pontos como água disponibilizada à população urbana. O principal salto é o de esgoto tratado, segundo o ranking: um aumento de 70,14% a mais em relação ao ano anterior.

Das seis cidades gaúchas contempladas com o estudo, Pelotas teve o maior crescimento, superando Canoas, a única outra a apresentar evolução. O Instituto considera os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Segundo a professora do curso superior de Saneamento Ambiental, do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), Samanta Tolentino Cecconello, o ranking tem certa defasagem, já que leva em conta informações de 2020.

A pesquisadora salienta que, de acordo com a atual divulgação, percebe-se que houve uma redução no atendimento urbano de água, passando de 100% para 99,90% dos moradores da zona urbana atendidos. “Podemos inferir que as pessoas afetadas estejam nas periferias e em situações de vulnerabilidade social”, analisa.

Segundo a diretora-presidente do Sanep, Michele Alsina, a readequação geográfica do município, norteada pela especulação imobiliária, faz com que áreas antes não preparadas passem agora a ter condomínios ou até bairros inteiros surgindo e que, por isso, a autarquia planeja em breve inaugurar duas obras: as estações de tratamento de água (ETA) e esgoto (ETE) São Gonçalo e Novo Mundo. Desta maneira, ela diz que o planejamento constante é a chave para seguir evoluindo.

Coleta e tratamento de esgoto ainda abaixo
Segundo Samanta, que também é doutoranda em Manejo e Conservação do Solo e da Água, Pelotas ainda está bem abaixo em termos de universalização do saneamento, o que engloba a população atendida por serviços de coleta de água e esgoto. O Instituto diz que, atualmente, 205.570 pessoas são beneficiadas pelo atendimento de esgoto total, representando 59,91% do atendimento de esgoto total e 63,41% do esgoto urbano.

Porém, o tratamento de esgoto ainda é baixo, apesar do salto: de 16,68% em 2021 para 28,38% atualmente. Segundo o Sanep, o esgotamento sanitário faz a autarquia considerar que o tratamento de esgoto está em 18%. E as duas estações irão mudar este cenário, projeta a gestora. Segundo Michele, só a ETE Novo Mundo já fará o percentual chegar a 40%, junto com outras obras de ampliação do sistema.

Para a professora Samanta, o importante é planejar e executar ações em conjunto entre sociedade, Poder Público e prestadores de serviço. Ela pondera que um sistema de saneamento básico fortificado é questão de saúde pública e a fragilidade desses sistemas tende a facilitar o surgimento ou o agravamento de doenças.

Em 2020, o Novo Marco Legal do Saneamento, aprovado a nível federal, impôs que 90% da população deverá ser atendida com coleta e 80% com tratamento de esgoto. O Sanep diz que ampliará nas próximas semanas o debate junto à Câmara de Vereadores para buscar atingir estes índices até o prazo, que é dezembro de 2033.

A dura vida sem saneamento
Historicamente, a região da Estrada do Engenho é apontada como um dos locais mais precários de Pelotas em termos de infraestrutura. A história de Thais Pereira da Silva corrobora com isso: mãe de três filhos, ela não conta com água encanada ou coleta de esgoto. O Sanep observa que, por se tratar de uma área de ocupação ilegal, não há como levar a rede à localidade. Mas a história de Thais mostra um pouco da importância do saneamento básico.

Apenas um cano, puxado da rede, abastece toda a vizinhança. Pela baixa pressão, a tubulação tem que andar rente ao chão. Por isso, ela possui um buraco no pátio da casa, onde lava as louças e coleta a água para higiene. Os dejetos do vaso sanitário contam com a força da gravidade para serem despejados no canal São Gonçalo, já que descarga não existe.

“Eu tenho vontade de regularizar. De tomar um banho decente, lavar a louça sem ser agachada”, sonha. A situação é tão precária que, pela coleta se dar no pátio, a água está danificando a fundação do chalé em que mora, fazendo com que a moradia fique curvada em direção ao canal. “Isso aqui já tá condenado”, lamenta.

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